sábado, 7 de março de 2009

Criatividade e muita "fibra" rendem prêmio.


Fatinha: "Estou muito feliz com este prêmio. É um reconhecimento ao nosso esforço em estar sempre pesquisando e melhorando a qualidade dos produtos."


Virgem Santíssima, feita com
palha de milho
Edmar Wellington






Artesã goiana, que desenvolve peças a partir de palha de milho e produtos do Cerrado, comemora o ‘bicampeonato’ no Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato
Representação de São Jorge

Anna Canêdo - Goiânia
De pequenos anjos a presépios, em tamanho natural. De delicadas bailarinas a imagens de santos, com tecidos e pedrarias. Fibras, fios, sementes e uma infinidade de materiais se juntam em figuras bem feitas e bem acabadas, que estão conquistando cada vez mais clientes pelo Brasil e até em outros países. Por conta disso, a qualidade do trabalho desenvolvido pela artesã Maria de Fátima Dutra Bastos foi mais uma vez destacada em nível nacional. Fatinha de Olhos d’Água, como ela é mais conhecida, foi uma das cinco vencedoras goianas do segundo Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato. Ela já havia sido contemplada na primeira edição da premiação.O prêmio tem como objetivo ampliar a visibilidade dos produtos artesanais e tornar a atividade ainda mais competitiva. Nesta segunda edição do Top 100, 66 unidades se inscreveram representando o Estado de Goiás e cinco foram premiadas. São elas: Cerâmica Boa Nova / Associação Adelino de Carvalho (Ipameri); Instituto Flamboyant (Goiânia); Sucesso Jóias / Magda Santos (Goiânia); Jazidas de Goiás / Christiano Vaz de Freitas (Caldas Novas); e Tecelagem Olhos d’Água (Alexânia). Além de participar da cerimônia de premiação e das rodadas de negócios, que serão realizadas ainda no primeiro semestre no Rio de Janeiro, Fatinha poderá utilizar o selo ‘Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato – 2ª edição’ em suas peças. Ela receberá, ainda, um certificado de premiação e seu trabalho será divulgado nos sites do Sebrae Nacional e do Sebrae em Goiás, no CD promocional e no catálogo do prêmio. “Estou muito feliz com esta premiação pela segunda vez. É um reconhecimento ao nosso esforço em estar sempre pesquisando e melhorando a qualidade dos produtos”, disse.Para Maria Beatriz Ribeiro de Lúcia, gestora de projetos de Artesanato no Sebrae em Goiás, o prêmio ressalta a atividade de pessoas que se dedicam ao seu negócio e estão há muito tempo em busca de aperfeiçoamento. “O Top 100 premia os profissionais que conseguem se formalizar e transformar o produto artesanal em um negócio viável. Muitas vezes unidades produtivas que não são contempladas com o prêmio apresentaram produtos bonitos, bem-feitos. Porém, o prêmio não é apenas para o design, para o produto, é, sobretudo, para a gestão do negócio, que envolve diversos aspectos”, avalia.Trajetória de sucesso
A história de Fatinha começou há mais de 20 anos com sua avó, Maria das Dores Pereira Dutra, e sua mãe, Ana da Silva Oliveira, que eram tecelãs do Distrito de Olhos d’Água, no município de Alexânia, distante 116km de Goiânia (GO). Nascida e criada no local, hoje com 1.600 habitantes, Fatinha seguiu a tradição da família na tecelagem, mas sempre pensando em produzir algo diferenciado, utilizando outros materiais. “Nós trabalhávamos com a tecelagem tradicional, em algodão, e trouxemos para cá os teares para elaborar peças em formatos maiores. Paralelamente, comecei a utilizar palha de milho, fibras e sementes para fazer uma bonequinha, um santinho, uma escultura. Tinha uma queda por estes outros materiais, mas a tecelagem não me dava tempo”, conta.Em 2002, uma consultora do Sebrae foi até o ateliê de Fatinha buscar peças da tecelagem para uma rodada de negócios em São Paulo. Ao ver um presépio que ela tinha feito, insistiu para levá-lo também. Mesmo hesitando inicialmente, Fatinha cedeu aos apelos e, do dia para a noite, viu sua vida mudar completamente. Alguns dias depois da rodada, ela recebeu a notícia de que o presépio havia sido o produto mais pedido na rodada. “De repente começaram a me ligar lojistas do Brasil inteiro e eu tinha uma encomenda de 500 presépios para entregar. Não tinha nem o ateliê montado. Tive que estruturar a oficina a partir do nada. Não planejei minha empresa. Tudo começou a acontecer pela necessidade da rodada de negócios”, conta ela, emocionada.
Das duas ajudantes que ela contratou às pressas para dar conta dos pedidos na época, hoje o ateliê e a loja, instalados lá mesmo, na praça central do distrito de Olhos d´Água, empregam nove pessoas e atendem pedidos do Brasil inteiro. Devido ao crescimento do negócio, a artesã está criando a empresa Fatinha Fios e Fibras. A Comércio de Tecelagem Olhos d’Água, onde tudo começou, continuará em atividade, sob a gestão do marido de Fatinha, o também artesão José Roberto Rocha Bastos, o Beto. Na tecelagem, são comercializadas peças feitas com algodão em que todo processo é manual, desde a fiação, tingimento e elaboração das peças. São jogos americanos, colchas, passadeiras, tapetes, xales, que levam a iconografia de Goiás e imagens rupestres.
A matéria-prima para as esculturas naturais, Fatinha continua pesquisando e buscando nas fazendas vizinhas. “O Cerrado é o meu grande professor, ele ensina a gente a trabalhar. Às vezes, saio em busca de material e volto com idéias para uma nova peça ou o aperfeiçoamento em algo que já estamos produzindo. Se a gente souber respeitá-lo, ele nos dá de tudo”, diz ela, que pelo menos uma vez por semana sai pelo campo em busca de fibras, fios, capim, cipós, cabaças e inspiração.
Atualmente, a produção supera 500 unidades por mês e o ateliê tem recebido grandes encomendas, como os presépios em tamanho natural que fizeram parte da decoração natalina da Prefeitura do Rio de Janeiro, em 2007, e da Praça Cívica, em Goiânia, em 2008. “Gosto muito de pesquisar, não tenho preguiça e acredito que a gente tem que criar sempre algo diferenciado, porque o mercado exige isto. As pessoas gostam de ver sempre produtos diferentes”. E assim Fatinha segue seu caminho, transformando o Cerrado em arte e mostrando que, com fibra, se pode fazer de tudo. Serviço: Fatinha Fibras e Fios / Comércio de Tecelagem Olhos d’Água Distrito de Olhos d’Água (Alexânia/GO): (62) 3322-6135 / 3322-6197Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato: http://www.info.sebrae.com.br/br/umc/top100_final.pdf Agência Sebrae de Notícias (ASN Goiás) – (62) 3250-2268

Um comentário:

Anônimo disse...

quero dizer que essa mulher e empresaria ,é merecedora do premio ,pois alem de boa profissional,ela tem um coração de ouro,ela me fez um bem quando eu era criança e jamais esqueci,faz uns 20anos q nao ha vejo, mas vou guardar pra sempre na lembrança esa pessoa.